O governo federal, quando se manifesta como gestor do abastecimento de alimentos, consegue se equivocar de maneira que já não surpreende, porque estamos acostumados. Quem deveria falar sobre a produção de alimentos seria o MAPA ou, talvez, até mesmo a CONAB. No entanto, eles frequentemente são deixados de lado. A CONAB deveria ser responsável por responder quais ações foram tomadas para evitar a inflação dos alimentos, já que as previsões climáticas são conhecidas muito antes de seus efeitos serem sentidos.
Problemas climáticos, é verdade, existem e podem ter seus efeitos atenuados, mas a inflação dos alimentos também resulta de políticas econômicas desastrosas. O endividamento público, a alta dos juros e a flutuação do câmbio afetam a produção tanto quanto secas e chuvas. Enquanto as nuances climáticas são previsíveis e temporárias, os erros em políticas públicas são 100% evitáveis, mas têm efeitos duradouros.
Hoje, o Feijão, com preços baixos, parece inofensivo, mas essa calmaria é enganosa. Preços baixos desestimulam os produtores, que podem abandonar a cultura, criando escassez e inflação futura. Basta um pequeno aumento no preço do milho e da soja para o Feijão se tornar o vilão da inflação.
Como evitar esse cenário?
O governo precisa entender as raízes do problema e agir proativamente.
A inflação nos alimentos não se limita a questões climáticas. Benefícios sociais, embora importantes, podem desincentivar o trabalho, agravando a falta de mão de obra no agronegócio. Muitas vezes, a combinação de informalidade com benefícios sociais se torna mais vantajosa do que o emprego formal, o que eleva os custos de produção.
Outro ponto crucial é o escoamento da produção. Faltam projetos federais que garantam a liquidez do Feijão-carioca no mercado mundial. Embora o Brasil produza excedentes de outros tipos, como o Feijão preto, vermelho, rajado e caupi, que possuem mercado externo, o Feijão-carioca ainda é consumido exclusivamente no Brasil.
O que o governo precisa fazer?
Para garantir a estabilidade dos preços do Feijão, é fundamental ouvir o setor privado e priorizar medidas como:
-
Incentivar a produção:
- Apoiar pequenos produtores com crédito acessível, assistência técnica e tecnologias sustentáveis.
- Promover o cultivo de Feijões regionais, deixando que a oferta e demanda regulem os preços para os médios e grandes produtores.
- Facilitar as exportações para equilibrar o mercado interno.
-
Fortalecer o mercado interno:
- Investir em campanhas de marketing para diversificar o consumo e promover os Feijões coloridos, que têm boa aceitação no Brasil e potencial de exportação para excedentes.
-
Requalificar a mão de obra:
- Reformular benefícios sociais para incentivar a qualificação e o trabalho formal no agronegócio.
-
Garantir segurança jurídica:
- Proteger o direito à propriedade, combatendo invasões de terra e simplificando regulamentações.
-
Melhorar a logística:
- Investir em infraestrutura de transporte e armazenamento, criando parcerias com cooperativas e cerealistas para otimizar o escoamento da produção, especialmente nas regiões produtoras.
O Feijão não pode ser refém de políticas ineficientes. O governo precisa agir com planejamento, investimento e visão estratégica para garantir tanto a produção quanto o consumo, priorizando o apoio aos pequenos produtores, mas sem ignorar que 76% do Feijão no mercado vem de médios e grandes produtores.
E o mercado interno?
Atualmente, produtores e comerciantes ainda possuem bons (LEIA MAIS NO CLUBE PREMIER)
https://premier.ibrafe.org/
41 99118-8562