O mercado de Feijões nas Américas vive um novo rearranjo. O México, depois de três anos de seca e importações pesadas, agora tem estoques elevados e reduziu em 40% suas compras nos sete primeiros meses de 2025. Enquanto isso, os EUA reagiram cortando mais de 20% das áreas de Feijão-preto e pinto, projetando queda de até 18% na produção, mesmo com rendimentos melhores.
Nesse cenário, Brasil e Argentina entraram na jogada como fornecedores alternativos. Só em 2024, o Brasil embarcou 30 mil toneladas de Feijão-preto para o México, contra 27 mil toneladas da Argentina. Mas aqui está a diferença crucial: o Brasil tem uma grande vantagem sobre os argentinos.
Nosso mercado interno é robusto, capaz de absorver boa parte da produção, o que nos dá flexibilidade. Podemos observar clima, demanda e até movimentos geopolíticos para ajustar a oferta e aumentar a produção quando surgem as oportunidades.
Já a Argentina depende quase exclusivamente do mercado externo. Se não exporta, acumula. O Brasil, não, temos como girar internamente, manter o equilíbrio e ainda aproveitar janelas estratégicas no comércio internacional. Isso nos coloca em posição mais resiliente e competitiva.
Para os próximos meses, especialistas projetam preços mais baixos, até próximos às mínimas de 2015/16. Para o Brasil, o recado é simples: é hora de diminuir a área de Feijão-preto plantada.
É preciso evoluir na diferenciação pela qualidade, consolidar a presença e mostrar que não somos apenas uma opção emergencial, mas sim parte estruturada do abastecimento mexicano e global. Acredito que, com estes cuidados, não deixaremos de participar do mercado mundial.
Feijão-carioca
O mercado teve uma semana bastante ativa, com vendas a níveis de R$ 260, que passou a ser a referência no Noroeste de Minas. No Mato Grosso, foram reportadas vendas de até R$ 210, e na Bahia, até R$ 250. Porém, os produtores, obviamente, estão subindo os pedidos, e vamos observar as necessidades dos empacotadores.