O alto-comissário da Índia no Canadá participou ontem da Canadian Western Agribition, onde adotou um discurso semelhante ao frequentemente utilizado pelo primeiro-ministro de Saskatchewan, Scott Moe: a província possui exatamente o que a Índia necessita. Entre os produtos citados estão as Ervilhas amarelas.
Dinesh Patnaik, nomeado para o cargo em setembro, realizou sua primeira viagem ao oeste do Canadá e se reuniu com Moe. Segundo ele, o primeiro-ministro lidera a elaboração de um plano para garantir o envio regular de Pulses à Índia, com expectativa de anúncio de medidas concretas nos próximos meses.
Patnaik afirmou a jornalistas que a Índia continuará dependente das Ervilhas canadenses, mesmo mantendo uma política voltada à autossuficiência em Pulses.
Por que isso importa: a Índia impôs, a partir de 1º de novembro, uma tarifa de 30% sobre a Ervilha amarela canadense. Diante disso, agricultores de Saskatchewan passaram a questionar a viabilidade do cultivo da cultura no próximo ano.
Segundo Patnaik, a tarifa atual representa um compromisso do governo indiano para equilibrar os interesses de agricultores e consumidores. Ele destacou que a maioria dos cerca de 200 milhões de agricultores do país cultiva Pulses principalmente para subsistência.
O governo indiano adotou um preço mínimo de apoio para manter esses produtores ativos e incentivar a produção no próximo ciclo. Em anos de boa colheita, explicou Patnaik, os agricultores pressionam por tarifas para compensar a diferença de preços frente às importações, enquanto os consumidores buscam valores mais baixos.
“Eles pressionaram fortemente o governo para proibir a importação de Pulses, mas não queremos repetir uma proibição como a que vigorou antes de 2023”, afirmou.
Desde o fim dessa restrição, o Canadá exportou mais de 4,5 milhões de toneladas de Ervilhas amarelas para a Índia.
“Mesmo agora, a exportação segue lucrativa para os agricultores canadenses, porque a Índia é o maior consumidor mundial de Pulses e Ervilhas amarelas”, destacou.
A Ervilha amarela é a principal fonte de proteína da população indiana, majoritariamente vegetariana. No entanto, o país enfrenta limitações de área cultivável.
“Não é possível produzir tudo internamente, embora estejamos avançando em uma estratégia de autossuficiência”, disse Patnaik. “Há grande pressão sobre a terra: precisamos dela para outras culturas, culturas comerciais, energia solar, energia eólica e também para a urbanização. Diferentemente do Canadá, não temos o luxo de terras ilimitadas.”
O alto-comissário explicou ainda que boas colheitas na Índia costumam ser seguidas por safras menos favoráveis, o que tende a equilibrar a média ao longo do tempo.
“O primeiro-ministro Scott Moe tem estado na linha de frente na construção de uma estratégia de longo prazo com a Índia”, afirmou Patnaik. “Ele conta com apoio essencial do governo federal, além dos governos de Alberta e Manitoba.”
Recentemente, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, concordaram em iniciar negociações para uma parceria econômica abrangente. Segundo Patnaik, o comércio de Pulses fará parte dessas discussões.
“Estamos avaliando a possibilidade de cotas, tarifas mais baixas ou um sistema alternativo que assegure, no longo prazo, o fornecimento regular de Pulses canadenses à Índia”, disse.
Ele ressaltou que qualquer plano de longo prazo precisa ser sustentável, garantindo previsibilidade no volume exportado, independentemente de oscilações conjunturais.
Patnaik acrescentou que a Índia também observa Saskatchewan como potencial fornecedora de urânio e potássio, defendendo que a estratégia comercial inclua segurança nessas cadeias para o bem-estar econômico de ambos os países.
“Não queremos que fatores externos prejudiquem o projeto, como ocorreu nos últimos dois anos”, afirmou. “Precisamos criar um ambiente em que a política não interfira nos negócios nem na prosperidade das pessoas.”
Questionado sobre a melhora recente nas relações entre Canadá e Índia, Patnaik creditou o avanço à atuação conjunta dos dois primeiros-ministros, que teriam priorizado o bem-estar da população.
Com informações de The Western Producer
https://www.producer.com/news/india-anticipates-plan-for-regular-pulse-trade/