O mercado ontem teve mais negócios, com alguns poucos compradores já voltando às compras. Um lote de Feijão-carioca colhido em São Paulo na fazenda ontem recebeu oferta de R$ 270, mas o produtor espera terminar de colher hoje e aí venderá o lote maior. Mas olha que notícia superinteressante!
Muito do que se falou nos últimos dias sobre que o varejo não estaria vendendo não é verdade, pelo menos neste caso. Dados fidedignos de uma rede que atende classes A–D, em periferias no interior de São Paulo, mostram a alta de volume vendido nos primeiros 20 dias de outubro em comparação com igual período de 2024.
A venda este ano foi 10,51% superior aos 20 dias de outubro de 2024, com margem bruta de 9,35%. Veja a imagem original recebida do supermercado. Ou seja, a narrativa de que “o Feijão não gira na gôndola” não corresponde à realidade. Ele não está girando da gôndola para trás (ou: na retaguarda).
O que de fato ocorreu: empacotadores, corretores, comerciantes e parte do varejo anteciparam compras acima do necessário para se proteger de uma valorização esperada até janeiro. Esse “pulmão” de estoque na cadeia reduziu negócios na origem, mantendo as lavouras com menos saída — e alimentando a sensação de mercado “parado”.
Implicação: Quando muitos retêm produto ao mesmo tempo, o preço pode subir antes da hora. Depois, com vários vendedores tentando realizar juntos, a reação de preços nem sempre vem. No Feijão, o “óbvio” cobra seu preço: se é óbvio para todos, a chance de todos ganharem diminui. Vencem os que, munidos de dados, executam em silêncio.
Recomendações Práticas:
- Venda quando há comprador (janelas de demanda pagam o risco).
- Faça preço médio (dilua a incerteza, evite all-in).
- Evite efeito manada (estoque não é tese; é tática com prazo).
Seguimos monitorando o giro no varejo e o apetite de recompra para calibrar as próximas janelas.
