Tudo sobre Feijão-mungo

Por: Fernanda Chemim, Eng.ª Agrônoma, IBRAFE,

22 de fevereiro de 2023

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Os principais países produtores de Feijão-mungo são Índia, China, Mianmar, Indonésia, Tailândia, Quênia e Tanzânia. A produção mundial é em torno de 5,3 milhões de toneladas por ano. Alguns destes países também são os principais consumidores do mundo e, por isso, mesmo com alta produção, não conseguem ser autossuficientes no fornecimento interno e precisam importar de outros países, a exemplo, a Índia.

 

Este ano, com o projeto entre APEX e IBRAFE, busca-se um acordo melhor entre o Brasil com a Índia, para exportação deste Feijão. O presidente do IBRAFE, Marcelo Eduardo Lüders, foi pessoalmente à Índia para intermediar esse acordo. O acordo fitossanitário que se abre com a China este ano, algo inédito, também demandará exportação de Feijão-mungo por parte do Brasil para a China.

 

Importância do Feijão-mungo

 

Em muitos países em que a proteína animal não é acessível, este alimento tem um papel fundamental. Sobretudo países da Europa têm iniciado uma corrida pela diminuição em 50% do consumo de carne. Tudo isso colaborará para o aumento do consumo e demanda por alimentos ricos em proteína de origem vegetal, sendo o Feijão-mungo um deles. Além de tudo, o Feijão-mungo é relatado como tendo propriedades antiestresse, anti-inflamatória, antioxidante e hepatoprotetora, no controle de diabetes e muito mais.

 

No Brasil ele é consumido apenas em forma de broto. Entretanto, este Feijão está entre as Pulses de maior demanda no mercado mundial, principalmente na Ásia. O Feijão-mungo é consumido lá fora de forma cozida, na forma de farinha, como saladas, no kichadi (tipo de sopa), como broto cru ou cozido. São feitas sopas, fermentados e doces, enlatados, refogados, tostados, moídos, como sobremesas e snacks. Inclusive também pode ser usado na fabricação de macarrão.

 

Com isso, trazemos algumas informações sobre o Feijão-mungo para incentivar a produção deste Feijão tão valioso, e que tem grande mercado externo bem remunerado. Este Feijão é uma boa oportunidade para o produtor brasileiro.

 

Produção nacional

 

Os estados brasileiros que produzem hoje são: Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia e Piauí, com destaque para o Mato Grosso, que tem tido um grande aumento das áreas de produção. Cerca de 95% dessa produção vai para o mercado externo. A maior parte da exportação sai do Mato Grosso e Minas Gerais encontra-se em fase inicial.

 

No entanto, apesar de algumas cultivares de Feijão-mungo terem sido lançadas desde 2000 e o mercado ser promissor, a produção nacional ainda é pouca. A produção é cerca de 2.500 toneladas.

 

O Feijão-mungo tem sido uma perspectiva no plantio da safrinha em Mato Grosso, isso porque possui ciclo curto em regiões quentes e, normalmente, os produtores não conseguem preencher as áreas de segunda safra após a semeadura do milho, principalmente quando este atrasa. Além de tudo, o Feijão-mungo também permite a colheita mecanizada, utilizando o mesmo maquinário da soja. Para o cerrado também tem sido uma boa opção para plantio na segunda safra.

 

Os períodos de plantio indicados são:

 

Primeira safra

Sudeste: plantio – outubro a novembro

Segunda safra

Sudeste: plantio – fevereiro a março

Regiões quentes: plantio – janeiro a março

Terceira safra (irrigada)

Regiões quentes: Plantio – abril a julho

Regiões frias – final de julho a início de agosto

Cultivares

A planta possui porte ereto ou semiereto, a floração tem início entre 25 e 42 dias após a emergência, dependendo da cultivar, da região e da época de plantio. O número de vagens por planta varia de 4 a 34, dependendo principalmente da população de plantas por área e das condições edafoclimáticas. As vagens secas apresentam coloração marrom ou preta e cada vagem contém de 6 a 20 sementes. A produtividade pode chegar a 2.000kg por hectare. O ciclo da emergência até a colheita é de 60-120 dias, sendo mais longo para regiões mais frias e mais curto para regiões mais quentes.

Quando a colheita é realizada mecanicamente após a dessecação das plantas, os rendimentos são relativamente menores quando comparados à colheita semanal.

A EPAMIG, juntamente com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), vêm testando genótipos de Feijão-mungo verde originados do Asian Vegetable Research Development Center (AVRDC) desde 1988. A Embrapa Meio-Norte, atualmente, está trabalhando em duas frentes de pesquisa com o Feijão-mungo, no desenvolvimento e manejo de cultivares deste Feijão para o agronegócio das Pulses no Brasil e no desenvolvimento de ração à base de grãos proteicos para alimentação e nutrição de galinhas caipiras do Nordeste.

·         Feijão-Ouro Verde MG-2

Resistente ao acamamento, se adapta melhor a clima quente.

Peso de mil sementes: 4,3-5,1g

Produtividade: 1.454 a 2.027kg/ha

Ciclo: 65 dias

Densidade: 20 sementes por metro, com 50 cm entre fileiras, 3-4 cm de profundidade

Recomendação de adubação: A adubação com fósforo (P) e potássio (K) deve ser feita conforme os resultados da análise do solo, tendo como base a cultura do Feijão-comum. No plantio, além do P e do K, usar 20kg/ha de nitrogênio (N). Vinte dias após a emergência, utilizar mais 40kg/ha de N em cobertura.

·         Feijão-MGS Esmeralda

Indicada para região de Minas Gerais, 13,5% maior de produtividade que a Ouro Verde MG-2, tem semente maior que a da Ouro Verde MG-2, mas mais sensível ao acamamento, maturação mais uniforme que a Ouro Verde MG-2 e vagens mais compridas, facilitando a colheita.

Peso de mil sementes: 5,9-6,8g

Produtividade: 2.550kg/ha

Ciclo: 56-60 verão; 73-80 fim do inverno (até a primeira vagem madura);

Densidade: 15-20 sementes por metro, 3-4 cm de profundidade e 50 cm entre fileiras

Recomendação de adubação: Da mesma forma que a Ouro Verde MG-2, com a recomendação de pulverização das plantas com solução de molibdênio (30 g/ha).

·         Feijão-BRSMG Camaleão

Sementes grandes e brilhantes, desejável para o mercado externo. Indicada para qualquer região, porém, quando plantada no inverno, possui menor produtividade. Também de sementes grandes e brilhantes, preferidas pelos consumidores do mercado internacional para germinação e cozimento.

Peso de mil sementes: 59-68g

Produtividade: 1.601-2.010 (quando colhida semanalmente)

 

Ciclo: 58 dias (até a primeira vagem madura) e pode ser menor se plantado em locais de temperaturas maiores.

Doenças

O oídio e a mancha-foliar-de-cercospora são doenças que têm sido observadas no Feijão-mungo. No entanto, como normalmente aparecem no final do ciclo de vida do mungo-verde, pode-se admitir que elas não comprometam o rendimento. A cultivar MSG Esmeralda é suscetível ao oídio (Erysiphe polygoni) e moderadamente suscetível à ascoquitose (Ascochyta phaseolorum). Geralmente não tem sido necessário o emprego de fungicidas. A BRSMG Camaleão é moderadamente resistente ao oídio (Erysiphe polygoni D.C.) e moderadamente suscetível à cercosporiose (Cercospora canescens Illis & Martin).

Ocorrência de Pragas

As principais doenças que atacam este Feijão são moscas-do-feijão (Melanagromysa phaseoli, Ophiomyia phaseoli e O. centrocematis), pulgões (Aphis craccivora, A. madicagenis), cigarrinha-verde (Empoasca sp.), mosca-branca (Bemisia tabaci), lagarta-das-vagens (Maruca testuralis, Helicoverpa armigera e Spodoptera exigua), percevejos (Nezara sp., Riptortus sp.), vaquinhas (Cerotoma sp. e Diabrotica sp.) e carunchos (Callosobruchus maculatus e C. chinensis).

Mas o que tem sido observado de fato nas lavouras é o ataque de formiga-saúva. E após a colheita, as sementes devem ser expurgadas e protegidas contra o ataque de caruncho.

Controle da formiga-saúva (Atta spp.)

Os sauveiros podem conter centenas ou milhares de operárias, crias (ovos, larvas e pupas), uma rainha, responsável pela postura dos ovos, e indivíduos alados (reprodutores), machos (bitus) e fêmeas (tanajuras ou içás), em algumas épocas do ano. As operárias possuem um gradiente de tamanho, variando de bem pequenas até os soldados, cuja cabeça pode ter até 3cm de largura. As operárias são responsáveis pela escavação do ninho (abertura de novas câmaras), pela procura e corte de material vegetal e pelo cuidado com a cria, com a rainha e com o fungo.

 

Com é uma praga cortadeira, corta as plantas novas ou as folhas em qualquer estágio de desenvolvimento. Podem destruir completamente as plantas, e recomenda-se realizar vistoria semanal da lavoura.

O controle deve ser feito com o combate ao formigueiro. Pode-se fazer arações profundas e a eliminação de poáceas (gramíneas) nativas, pois as formigas as usam para a criação do fungo que sustenta a colônia. O controle químico deve ser dirigido, visando a eliminação da rainha. Podem ser usados formicidas liquefeitos, iscas granuladas, pó ou através de termonebulização.

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