Agricultores e processadores vinculados à Associação de Agricultores, Processadores e Comerciantes de Feijão-Fradinho e Feijão da Nigéria (C&BFPMAN) afirmaram que estão intensificando técnicas de conservação orgânica e manejo integrado de pragas para enfrentar uma proibição de uma década imposta pela União Europeia às exportações de Feijão-fradinho e Feijão-caupi nigerianos.
A restrição, imposta por volta de 2015 devido à detecção de altos níveis de resíduos químicos nas exportações, provocou um impacto econômico significativo. Estimativas do setor apontam perdas anuais de US$ 362,5 milhões (aproximadamente R$ 1,96 bilhão) apenas no segmento de Feijão. Relatórios comerciais indicam ainda que cerca de 76% de algumas remessas agrícolas nigerianas são rejeitadas pela UE por questões de segurança alimentar.
Segundo o secretário nacional da C&BFPMAN, Sunday Ojonugwa, a crise decorre do uso indiscriminado de conservantes químicos perigosos, frequentemente apelidados de “snipers” nos mercados locais, e da falta de conhecimento sobre práticas seguras.
Para reverter esse quadro, a associação iniciou programas de treinamento para mais de 29 000 agricultores sobre práticas de cultivo mais seguras e técnicas de pós-colheita orgânica. Ojonugwa destacou que medidas de baixo custo baseadas em extratos de folhas de neem (dogoyaro), certas enzimas e controles biológicos podem repelir insetos como gorgulhos, reduzir perdas em campo e evitar contaminação durante o armazenamento.
A C&BFPMAN também afirmou estar colaborando com entidades como o Conselho de Promoção de Exportações da Nigéria (NEPC) e contando com suporte do comércio internacional para capacitar produtores conforme os padrões exigidos para exportação.
O treinamento teve início em Lagos e está programado para ser estendido a outros estados ao longo de um plano abrangente de 2024 a 2029, voltado ao manejo integrado de pragas nas cadeias de valor de Feijão-caupi e Gergelim.
A associação sustenta que a retomada de exportações seguras não só restaurará receitas cambiais perdidas, como também fortalecerá a segurança alimentar interna. A Nigéria produz atualmente cerca de 12 milhões de toneladas de Feijão-fradinho e Feijão por ano, alimento básico tanto no consumo doméstico quanto em mercados externos históricos.
Em pronunciamento, o grupo também pediu ao Governo Federal que revise o cardápio da merenda escolar para reintegrar o Feijão como uma fonte essencial de proteína vegetal para os estudantes.
Ojonugwa expressou otimismo quanto à transição para práticas orgânicas: “Se os agricultores deixarem de utilizar produtos químicos nocivos e adotarem métodos orgânicos comprovados, as proibições podem ser suspensas e nosso potencial de exportação recuperado.”
A C&BFPMAN continua a pressionar por apoio político mais célere, campanhas de conscientização amplas e incentivos para que os agricultores adotem insumos mais seguros — medidas consideradas fundamentais para que a Nigéria recupere sua posição nos mercados internacionais de Feijão e Feijão-fradinho sem comprometer a saúde do consumidor.
Com informações de New Telegraph
https://newtelegraphng.com/beans-farmers-set-to-curb-362m-loss-to-eu-entry-ban/