CEO da Mega Grain Trading, Neeraj Dhawan comenta sobre o panorama das importações de grão-de-bico, plantações de kharif e a inflação de leguminosas na Índia
O mercado de leguminosas na Índia, com foco especial nas importações de grão-de-bico e nas safras de kharif, continua a enfrentar desafios significativos. Neeraj Dhawan, trouxe à tona importantes insights sobre a dinâmica atual do mercado em conversa recente com a Global Pulse Confederation (GPC).
Importações e exportações
A Mega Grain Trading tem se adaptado às necessidades do mercado com ações estratégicas em exportação e importação de grão-de-bico kabuli e desi. Segundo Dhawan, a empresa começou a importar grão-de-bico kabuli dos EUA para Jebel Ali, de onde é redistribuído para outros países. "Importamos entre 5.000 e 6.000 toneladas da safra do ano passado, e estamos em negociações para uma carga de navio entre 10.000 e 20.000 MT da nova safra", disse Dhawan.
A Mega Grain Trading exporta anualmente entre 20.000 e 25.000 toneladas de grão-de-bico kabuli para cerca de 12 países, incluindo Marrocos, Tunísia e Emirados Árabes Unidos, abrangendo todo o Oriente Médio. Ao mesmo tempo, com o fim das restrições de importação, a empresa ampliou suas importações de grão-de-bico desi, especialmente da Rússia e países vizinhos.
Outro produto de destaque nas importações da Mega Grain é a proteína de ervilha. Com o aumento da demanda por alimentos à base de plantas na Índia, a proteína de ervilha tem se tornado essencial para a produção de alternativas veganas, como carnes falsas e ingredientes sem glúten ou laticínios.
Janelas de importação e tarifas
Com a chegada das colheitas de janeiro e fevereiro, Dhawan destacou que o período de importação de grão-de-bico desi é curto, sendo crucial que as remessas da Tanzânia e da Austrália cheguem até novembro. “Se o governo indiano vai restabelecer ou não o imposto de importação dependerá do tamanho da colheita. Teremos que esperar para ver", afirmou.
No que diz respeito ao grão-de-bico kabuli, a situação é incerta. Embora ainda não haja medidas específicas em curso, Dhawan observa que o recente aumento nos preços pode levar à abolição do imposto alfandegário. "Há uma nova associação, a Kabuli Chickpea Exporters Association, que está colaborando com a Índia Pulses and Grains Association (IPGA) para pressionar por essa mudança", disse ele. Atualmente, a Índia enfrenta uma escassez de 2,5 milhões de toneladas (MMT) de grão-de-bico desi, tornando o kabuli uma alternativa crucial.
A inflacionada demanda por leguminosas
A crescente demanda por leguminosas e a inflação associada ao setor são grandes desafios para o governo indiano, especialmente em um país onde 60% a 70% da população é vegetariana. Dhawan enfatizou que, com o declínio das terras cultiváveis e o desinteresse das novas gerações pela agricultura, muitas terras estão sendo vendidas para o setor imobiliário. "Alimentar uma população de 1,4 bilhão de pessoas é um grande desafio, e o governo precisa oferecer incentivos, como aumentar o preço mínimo de suporte (MSP) ou remover restrições à importação", defendeu ele.
Para Dhawan, abrir o mercado para mais importações e permitir que as leguminosas sejam comercializadas livremente seria uma solução viável para combater a inflação. Uma alternativa proposta por ele seria o governo firmar contratos de agricultura com outros países, com garantia de recompra.
Previsões para as safras de kharif
A previsão das safras de kharif, que dependem das monções, parece favorável até o momento, de acordo com Dhawan. "A umidade do subsolo está normal, e estamos otimistas em relação às safras de feijão-mungo e matpe preto. A colheita de seis meses da ervilha-de-pombo também parece promissora", explicou.
Contudo, Dhawan alertou para a dificuldade em obter estimativas precisas das áreas cultivadas. "As pequenas propriedades rurais e a coleta de dados ineficiente tornam as previsões complicadas", afirmou.
Matpe preto e Feijão-mungo
Apesar do crescimento nas áreas de cultivo, a Índia continua a importar volumes significativos de matpe preto e Feijão-mungo. Dhawan sugeriu que o aumento do MSP pode ter levado à expansão dessas áreas, mas destacou que as limitações de terras continuam sendo um obstáculo.
Para incentivar a produção doméstica de grão-de-bico, Dhawan acredita que o MSP deveria ser ajustado, mas argumenta que o foco do cultivo interno deveria ser em leguminosas de ciclos mais curtos, enquanto o grão-de-bico poderia ser importado. "Devemos buscar outros países para a importação de ervilha-de-guandu, utilizando nossas terras para culturas que se renovam a cada três ou quatro meses", concluiu.
Com esses desafios e oportunidades, o mercado de leguminosas da Índia está em um ponto crítico, e as decisões do governo serão determinantes para o futuro do setor.
Com informações de Pulse POD