Retomada da colheita em São Paulo

Por: IBRAFE,

7 de novembro de 2025

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Ontem, São Paulo retomou a colheita naturalmente, com Feijões apresentando alta umidade. Mesmo assim, os melhores lotes chegaram a R$ 255/sc quando a umidade ficou abaixo de 18%, e a cerca de R$ 240/sc nos lotes com umidade mais elevada. Nos próximos dias, o volume colhido tende a aumentar. Hoje deverá ocorrer o máximo de colheita possível, uma vez que as chuvas devem voltar no sábado.

Pelo histórico, os produtores devem conseguir vender as primeiras cargas ao preço de mercado vigente no dia. Porém, à medida que avançarmos para o fim do mês, a pressão deve diminuir, a ponto de não se descartar uma onda de compras suficiente para retomar o viés de alta.

Embora dezembro costume ter menor volume de vendas, há indícios de que o Feijão que permanecer nas mãos dos produtores não deve ser ofertado ainda este ano. Para muitos, independentemente de oscilações de curto prazo, o objetivo é vender apenas no próximo ano.


Brasil exportador de Feijões: o gargalo vem do governo

Nunca na história exportamos tanto Feijão como em 2025. Saíram 450 mil toneladas, totalizando US$ 380 milhões, sem desabastecer o mercado interno. Esse volume só existe porque a exportação impulsionou a produção. Pesquisa e assistência técnica fizeram sua parte, e a execução no campo foi exemplar.

Desse total, 235 mil toneladas foram de Feijão Mungo Verde e Feijão-preto. O Verde praticamente não existia há 10 anos, e o Preto começou a ganhar tração externa há apenas três. Os elos se ajustaram, cada um com seus atritos, e entregaram um feito raro.

O mérito é da cadeia. Era de se esperar que um país exportador já tivesse superado as questões de gargalos portuários, burocracia e falta de servidores. O gargalo, neste momento, está aí.

O setor reconhece que o MAPA faz das tripas coração e tem contribuído, junto com a APEX, produtores, empacotadores e exportadores, para que cerca de 70 destinos recebessem as 450 mil toneladas. Mas a política agrícola ficou para trás. O seguro rural encolheu. Crédito e financiamento minguaram. A previsibilidade cambial é zero. A tributação é confusa. Ferramentas públicas de comercialização desapareceram na prática. Quando o governo falha no básico, quem paga a conta é o produtor e, mais adiante, o consumidor.

Ainda assim, dá para ir além. Chegar a 1 milhão de toneladas é matematicamente factível e representaria menos de 20% do mercado mundial. A vantagem brasileira está na diversidade de Feijões e na possibilidade de safra ao longo do ano. Falta o governo federal deixar de ser espectador.

O que o governo precisa fazer — e não faz:

  • Restaurar o seguro rural em níveis condizentes com o risco do Feijão.

  • Reativar instrumentos de renda e estoque com inteligência, incluindo opções públicas e EGF, onde fizer sentido.

  • Viabilizar crédito competitivo para armazenagem e beneficiamento, inclusive para o setor cerealista.

  • Garantir planejamento logístico e fitossanitário que destrave o acesso a mercados.

Enquanto isso, o recado ao produtor é pragmático:

  • Conheça cultivares nos dias de campo da sua região, teste em área própria e avance com contratos de exportação.

  • Diversifique Feijões e destinos. Não coloque todas as fichas em um tipo só.

  • Busque parceiros que já se especializaram em armazenagem e processamento com padrão exportação.

O Brasil provou que sabe produzir e vender Feijão ao mundo. Falta o governo federal decidir se quer ser gargalo ou alavanca. Hoje, é gargalo. Amanhã, se nada mudar, será oportunidade perdida.

Aqui, no Premier, seguimos mapeando as janelas de preço, a demanda por tipo e os destinos com melhor margem para você capturar esse ciclo — com ou sem Brasília ajudando.

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