Lavouras – Paraná x Minas Gerais (nov/25 → jan/26)

Por: IBRAFE,

30 de outubro de 2025

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O mercado ontem registrou mais negócios, e, para Feijão nota 9, a referência foi de R$ 250 em Minas e na Bahia. O estado de São Paulo segue sem colheitas, e o volume continuará pequeno ainda nesta semana.

Como a atenção de todos está voltada para as lavouras em desenvolvimento, buscamos trazer um resumo das previsões de tempo e clima para o período à frente.

1. Paraná

O Paraná entra na safra sob influência de um padrão de La Niña, já confirmado pelo INMET para o verão 2025/26. Esse fenômeno costuma trazer chuvas irregulares e janelas de veranico no Sul do Brasil: chove em pancadas fortes, depois o sol abre quente, com vento norte, secando o solo rapidamente.

Isso significa duas coisas para o Feijão do Paraná:

Produção muito heterogênea, talhão a talhão. Onde a chuva pegou na florada e na granação, o potencial encheu bem; onde houve 4 a 5 dias quentes e secos, ocorreu aborto de flor e vagens mais leves. Esse risco de veranico curto e calor acima da média já está no radar dos meteorologistas para o período de novembro a janeiro no interior do estado.

Qualidade visual favorável para quem conseguir colher rapidamente na primeira janela seca de janeiro (o calor acelera a secagem da planta). Porém, qualquer pancada tardia de temporal com vento e chuva forte em lavouras prontas tende a marcar o grão e comprometer o padrão. O próprio governo do Paraná já vem alertando para tempestades severas e chuvas concentradas na primavera, intercaladas com períodos de calor intenso.

Enfim, o Paraná deve gerar lotes muito bons, mas em volume fragmentado e não uniforme.
Quem quiser cor, peneira e história de origem precisará selecionar lote por lote e pagar prêmio nesses lotes específicos. Como já se conhece, o Paraná terá em cada lavoura uma história diferente.

2. Minas Gerais

Minas caminha para um cenário diferente. O Sudeste entra agora no auge do período chuvoso, com tendência de chuvas próximas ou acima da média e episódios prolongados de ZCAS estacionada sobre o estado — aquele padrão de vários dias seguidos de céu fechado e solo encharcado.

Isso já é apontado pelo INMET e outros centros: Minas volta a ter chuvas organizadas com a estação úmida e pode repetir acumulados expressivos como os que causaram enchentes e interrupções de colheita em janeiro passado.

Esse quadro favorece a germinação e o pegamento inicial do Feijão (não falta água), mas cria outro tipo de desafio:

Pressão elevada de doenças foliares em ambiente quente e abafado, além de dificuldade de entrar no campo para realizar aplicações no momento ideal. As projeções para o Sudeste indicam temperaturas acima da média, combinadas com alta umidade — exatamente o cenário que mancha a casca e tira o brilho.

Risco clássico mineiro de janeiro: lavoura pronta, mas chuva contínua atrasa a colheita mecânica. Atrasou, manchou. Isso rebaixa muito o Feijão que tecnicamente seria “primeira linha” para a categoria “comercial”.

Enfim, Minas tende a entregar bom volume, mas com maior variabilidade na aparência da casca, justamente por excesso de umidade na pré-colheita.
Ou seja, deve haver disponibilidade de produto comercial, porém o lote premium (cor viva, sem mancha, peneira uniforme) será mais raro, e a disputa será pelo grão acima de nota 9, colhido no intervalo entre duas chuvas.

3. Como isso impacta você, empacotador

A conversa deixou de ser apenas sobre “preço da saca”. Agora é sobre “qual lote, de qual talhão e com qual história agronômica”.

O Paraná tende a ser a fonte dos lotes mais limpos e visualmente atraentes, mas em pequenas “ilhas” de qualidade — pequenas mesmo, pois o carioca foi pouquíssimo plantado. Você precisará garimpar e provavelmente pagar prêmio por esses lotes rastreáveis.

Minas tende a sustentar o abastecimento em volume, inclusive mantendo as prateleiras cheias. No entanto, será essencial separar o padrão top (cor, brilho e cozimento rápido) do padrão que tomou chuva demais na pré-colheita. Isso precisa aparecer no rótulo, porque contar a origem e o motivo de aquele lote cozinhar bem é, hoje, um argumento de venda.

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