Os preços internacionais das principais Pulses (como Lentilhas, Ervilhas e Grão-de-bico) atingiram níveis recordes de baixa. O cenário é impulsionado por uma competição acirrada entre grandes produtores como Canadá, Austrália, Rússia e países africanos por fatia de mercado.
No último mês, os valores no mercado global recuaram entre 5% e 20% como resultado de colheitas robustas de Ervilhas e Lentilhas nesses países. Analistas do setor alertam que essa queda não é um bom presságio para os agricultores indianos, que estão no período de colheita ou prestes a iniciá-la, e já enfrentaram perdas devido às chuvas intensas entre agosto e setembro que afetaram culturas como urad (Mungo-preto indiano), tur (Feijão-guandu), masoor (Lentilha vermelha) e moth dal (Lentilha verde).
"Os preços de todas as Pulses importadas atingiram novas mínimas. Quase não há diferença entre os preços oferecidos por países como Canadá, Austrália e Rússia. Em particular, os preços das Ervilhas amarelas atingiram níveis recordes de baixa", afirmou um comerciante sob anonimato.
Excedentes Recordes Impulsionam Queda
O principal fator por trás do recuo nos preços é o grande excedente de produção nos principais players globais, especialmente no setor de Lentilhas e Ervilhas.
- Lentilhas: A produção australiana está projetada para crescer 34%, alcançando 1,7 milhão de toneladas – o maior volume já registrado. No Canadá, a safra deve chegar a 2,75 milhões de toneladas, o nível mais alto em 12 anos. O excedente para esta commodity será expressivo.
- Ervilhas Secas (Temporada 2025-26): O Canadá aumentou em 9% a área cultivada. A produção de ervilhas amarelas está prevista em 3,2 milhões de toneladas e a de Ervilhas verdes em 550 mil toneladas. O país deverá exportar mais de 2 milhões de toneladas.
- Grão-de-Bico: O Canadá prevê colher mais de 340 mil toneladas, com exportações de até 235 mil toneladas. A Austrália, apesar de uma queda de 7% em relação ao ano anterior, deve colher 2,1 milhões de toneladas.
Além disso, volumes de Pulses dos EUA, Tanzânia, Malawi, Moçambique, Mianmar e Brasil também aumentam a pressão sobre o mercado internacional.
Desvalorização Atinge Principais Variedades
Segundo a Confederação Global de Pulses (GPC), os preços de importação estão majoritariamente abaixo dos preços mínimos de suporte (PMS), exceto no caso do Feijão-preto.
A disputa por preço é intensa. No Feijão-guandu, enquanto Mianmar oferta a $ 690/t (cerca de R$ 3.682/t), competidores africanos como Tanzânia ($ 520/t – cerca de R$ 2.774/t) e Malawi ($ 510/t – cerca de R$ 2.720/t) oferecem valores significativamente menores.
Apenas o Feijão-preto manteve estabilidade, com Mianmar e Brasil ofertando a $ 870/t (cerca de R$ 4.640/t) e $ 900/t (cerca de R$ 4.800/t), respectivamente.
Isenções Tarifárias Indianas Ampliam a Preocupação
A Índia, embora não importe Ervilhas diretamente, viu seus preços internos caírem 15% no último mês. As ofertas canadenses de Ervilhas para a China, por exemplo, caíram de $ 475 (cerca de R$ 2.535/t) para $ 405/t (cerca de R$ 2.162/t), e a perspectiva de os valores chegarem perto de $ 300/t (cerca de R$ 1.600/t) é considerada preocupante.
A situação é agravada pelas políticas de importação indianas. O país importou mais de 1 milhão de toneladas no último ano fiscal e mantém isenção de impostos para a importação de Feijão-preto e Feijão-guandu até março de 2026. Apenas Lentilha vermelha e Grão-de-bico pagam tarifa de 10%, intensificando a pressão sobre os preços domésticos.
Com informações de The Hindu Business Line