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Nova Deli - Os produtos agrícolas surgiram como uma das principais áreas de foco das discussões em andamento entre a Índia e os Estados Unidos para um acordo comercial. Apesar da percepção popular, especialistas afirmam que é possível melhorar o acesso ao mercado desses produtos por meio da redução de tarifas e da remoção de barreiras não tarifárias.
O governo norte-americano tem interesse em ampliar o acesso dos produtos agrícolas dos EUA ao mercado indiano. “Isso pode ser feito de forma recíproca, pois os dois países são complementares e não concorrentes em vários setores”, explicou uma fonte ligada às negociações. Produtos como leguminosas, óleo comestível, nozes, produtos florestais, peru e pato congelados são exemplos de itens que a Índia poderia importar dos EUA.
Fontes anônimas revelaram que, além das tarifas sobre automóveis, os EUA desejam maior acesso ao mercado indiano para produtos agrícolas. Em alguns casos, isso exigirá a redução de tarifas, enquanto em outros, a eliminação de barreiras não tarifárias. A abordagem se concentraria nas complementaridades econômicas, respeitando as sensibilidades políticas de ambos os países, que possuem fortes setores agrícolas.
Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha reiterado que as tarifas recíprocas entrarão em vigor a partir de 2 de abril — citando altas taxas aplicadas por China, Brasil e Índia —, autoridades indianas mantêm esperança de um acordo que permita ao país evitar essas tarifas e avançar rumo a um pacto comercial até o outono.
Segundo fontes ligadas ao governo indiano, será considerado um ajuste nos impostos de importação em setores onde os agricultores locais não serão afetados significativamente. Um relatório do NITI Aayog, um centro de pesquisas governamental, destacou que tais ajustes devem ser feitos visando o próprio benefício da Índia. “A redução e racionalização de tarifas sobre commodities agrícolas aumentarão o volume de comércio e ajudarão as exportações indianas a ganharem mais espaço no mercado norte-americano”, afirmou o relatório.
Na quinta-feira, durante um evento pós-orçamento em Vishakapatnam, a ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, garantiu aos exportadores que o governo está negociando ativamente com os EUA para proteger os interesses comerciais do país. O ministro do Comércio, Piyush Goyal, está atualmente nos Estados Unidos para as conversas comerciais.
Uma das estratégias de Nova Deli pode ser a substituição de fornecedores tradicionais pelos EUA para equilibrar o déficit comercial bilateral, que em 2023-24 foi de aproximadamente R$ 176 bilhões a favor da Índia. “Por exemplo, a Índia pode importar parte de suas necessidades energéticas dos EUA em vez do Oriente Médio ou da Rússia. Também poderá comprar óleo de soja dos EUA em vez da Argentina e do Brasil”, explicou uma fonte.
O foco atual das negociações é definir produtos para uma “colheita antecipada”, permitindo que os dois países construam um roteiro para um acordo comercial bilateral até o outono de 2025. Em 13 de fevereiro deste ano, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente norte-americano Donald Trump anunciaram a “Missão 500”, que visa atingir um volume de comércio bilateral de US$ 500 bilhões até 2030. Em 2024, o comércio total entre os dois países foi de aproximadamente R$ 645 bilhões.
Os produtos agrícolas são considerados uma escolha natural para essa "colheita antecipada". “Os EUA estão de olho na Índia porque o país importa cerca de R$ 200 bilhões em produtos agrícolas e relacionados, e os norte-americanos querem uma fatia desse mercado”, afirmou uma fonte.
Os EUA desejam acesso ao mercado indiano de óleo de soja, estimado em cerca de R$ 25 bilhões. Atualmente, a soja é o segundo óleo comestível mais importado pela Índia, perdendo apenas para o óleo de palma. O governo americano também busca fornecer leguminosas à Índia, substituindo fornecedores como Mianmar, Canadá e Austrália, uma vez que o mercado indiano de leguminosas movimenta cerca de R$ 12,5 a 15 bilhões anualmente.
Com informações de Hindustan Times
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